Diário de Viagem Cervejeiro: Desbravando as cervejas islandesas

Se existe algo que eu gosto tanto quanto cerveja é de viajar mundo à fora. Sabendo disso a @fernanda-lamas me convidou para compartilhar minhas experiências na nova seção do blog: Diário de Viagem Cervejeiro. Claro que aceitei na hora, afinal a primeira coisa que procuro quando vou viajar é aonde irei provar as cervejas locais.

E para começar a seção vou contar tudo sobre como foi desbravar as cervejas na Islândia, onde estive em outubro de 2019.

Viajante feliz com minha cerveja islandesa

Por que Islândia?

Muita gente perguntou para mim e para o Gui (meu namorado e parceiro de viagens) dá onde tiramos passar nossas férias na Islândia. Gostamos de conhecer países onde teremos muito contato com a natureza, conhecer culturas diferentes, provar boas comidas e conhecer cervejarias locais. Ah, gostamos muito de passar frio e a Islândia sem dúvida nos proporcionou tudo isso!

A Islândia é um país nórdico, localizada em uma ilha no oceano atlântico norte. Sua capital, Reykjavik, é a capital mais próxima do Polo Norte do mundo. A população de 350 mil pessoas tem o Islandês como língua nativa (impossível de entender) mas praticamente todo mundo fala inglês fluente. É um país conhecido pelas suas paisagens exuberantes e inusitadas: vulcões, geleiras, montanhas, cachoeiras, praias de areia preta são alguns dos pontos que fazem pessoas do mundo inteiro visita-lo.

Organizar a viagem foi bem complexo, são muito pontos turísticos, várias opções e, como decidimos fazer tudo sozinho, tivemos de pesquisar muito para entender como aproveitar ao máximo. Fizemos a volta a ilha de carro, ficamos ao todo 13 dias na Islândia, dormimos em 10 cidades diferentes e conhecemos incontáveis lugares de tirar o fôlego!

Skógafoss: uma das cachoeiras mais imponentes que já vi!

Vamos as cervejas!

Logo que comecei a planejar a viagem já me deparei com uma informação que me deixou muito animada: a Islândia tem um movimento de cerveja artesanais muito forte, com Brew Pubs e Tap Station espalhados por todo país.

Chegando na Islândia descobri uma das histórias mais estranhas do mundo da cerveja que já conheci: Era proibido beber cerveja no país até 1989! Veja bem, não era proibido o consumo de álcool mas só o de cerveja! Resumindo: em 1915 eles adotaram a Lei Seca americana mas resolveram liberar o consumo de vinho, licores e destilados em 1922. Porém a cerveja, por ser de baixa graduação alcoólica, podia ser uma tentação muito grande para os jovens e permaneceu ilegal. Alguém acha que isso faz sentido?

Bom, obviamente com a liberação do consumo os islandeses correram para tirar o atraso e em poucos anos o movimento das cervejas artesanais chegou ao país. Atualmente são 22 cervejarias artesanais/Brew Pub islandesas (a maioria na capital). O cenário é bem parecido com o que está surgindo no Brasil, cervejarias de bairro e em pequenas cidades. Os estilos são bem parecidos: IPA, Sour, envelhecidas, RIS, e não poderia faltar as cervejas fermentadas com leveduras vikings, as famosas Kveik (aliás, aprendi a pronuncia correta lá – quaique).

Mapa da cerveja na Islândia

Na capital, onde fiquei 2 dias e meio, visitei uma cervejaria – a RVK Brewing Company Um pouco fora do centro turístico, a cervejaria tem um taproom bem descolado com 12 torneiras de chopp deles e de convidados. Tem um toca discos tocando vinil e vários jogos para passar o tempo. As cervejas eram todas muito boas, destaque para uma Saison envelhecida por um ano com Brett que estava divina. Provei também uma colab com uma cervejaria norueguesa, uma Farmhouse fermentada com Kveik bem interessante.

Na parte turística tem muitos bares e brew pubs, parei em um tapstation com 16 torneiras (não lembro o nome mas era bem na frente da rua pintada com o arco-íris caso alguém queira procurar). Lá tomei uma session ipa ultra fresca que estava no Happy Hour.

RVK Brewing e bar de artesanais no centro de Reykvajik

Um costume bem interessante da Islândia é que eles fazem muito Happy Hour, não só em bares e restaurantes mas também em hotéis. Ajuda bastante pois a cerveja é muito cara. Além desses dois lugares, não tive tempo de conhecer mas ouvi falar da Bryggjan Brewery, Bastard Brew and Food e Skúli Craft Bar

Começando a volta a ilha, na segunda parada fui jantar na Smijdan Bruggús, em Vik í Myrdal. Comer hamburguer e tomar cerveja depois de um dia de caminhadas conhecendo uma região importante da parte sul do país foi ideal. Lá provei uma Pale Ale com Ruibarbo, uma planta que lembra um salsão só que azeda. O resultado foi uma cerveja levemente ácida, bem refrescante.

Aproveitando que entrei no assunto, uma pausa nas cervejas para falar das comidas da Islândia: são maravilhosas. Os pratos principais são a base de cordeiro, peixe, frutos do mar e lagosta. Mas é possível encontrar de tudo, os ingredientes ultra frescos e muito bem aproveitados nos pratos.

Continuando a volta na ilha, atravessando os Fiordes do Leste, tentamos ir em uma cervejaria e pizzaria mas estava fechada, a Askur Taproom & Pizzeria.

Ao longo de toda a volta na ilha tomamos muitas Arctic Pale Ale da Einstök Brewery. Era muito comum de encontrar, inclusive nas lanchonetes dos parques nacionais. É uma Pale Ale bem maltada, delícia de tomar entre um passeio e outro ou no HH do hotel.

Artctic Pale Ale no Parque Nacional Vatnajokull (onde está localizada a maior geleira da Islândia)
Happy Hour Hotel Laxá no Norte da Islândia

Fora as cervejas artesanais e a Arctic Pale Ale, também é possível encontrar algumas grandes marcas como Heineken, Stella Artois e algumas deles também, como a Boli. Na capital, você pode visitar o bar da Brew Dog e da Mikkeller. Além de bares e cervejarias, também tem algumas lojas de bebidas onde é possível comprar todos os tipos de bebidas alcoólicas e com um preço até que acessível.

Dicas para conhecer a Islândia

E aí, animou de se aventurar em terras vikings? Aqui vão algumas dicas para começar a se planejar:
1) Para dar a volta a ilha o ideal são pelo menos 10 dias.
2) Alugue um carro 4×4. Apesar das estradas serem boas, os ventos são muito fortes.
3) A paisagem muda muito com as estações, pesquise quais são as principais atrações antes de escolher a época do ano.
4) Tenha em mente que o tempo muda de uma hora para outra e sua programação pode ir por água a baixo.

A Islândia é um país com uma estrutura excelente. Ao longo de nossa viagem não tivemos nenhum problema e fomos muito bem atendidos pelos locais que sempre são muito solícitos. Sem dúvidas é um lugar para colocar na lista de viagens, ainda mais se você gosta de cervejas artesanais.

Gostou do Diário de Viagem Cervejeiro? Deixa seu comentário com dúvidas e sugestões. Quer mais roteiros cervejeiros? Confira aqui a viagem da Fernanda conhecendo as cervejas do Reino Unido, será que ela só tomou cask beer? Até a próxima viagem!


Natalia Poli Bichara Autor

Engenheira de Alimentos formada pela USP e técnica cervejeira pelo ICB, desde a época da faculdade me interessei pelo processo de fabricação de cerveja. Entrei como estagiária na Lamas em 2013 e desde então sou apaixonada pelo mundo das cervejas artesanais. Adoro fazer testes com receitas inusitadas, beber cerveja e falar sobre cerveja, Saúde!

Comentários

    Jorge Luiz Fenerich

    (28 de dezembro de 2019 - 12:29)

    Excelente experiência a sua moça, as minhas se resumem a magnífica Alemanha, França com seus vinho, Itália, Bélgica, Holanda, Espanha etc mas cerveja como a Schlenkerla ainda não provei mas rivaliza com a Urkel, questão de gosto claro, parabéns pelo passeio e grato por compartilhar seu passeio.

      Natalia Poli Bichara

      (2 de janeiro de 2020 - 12:54)

      Jorge, fico feliz que tenha gostado! As suas experiências são incríveis também, estão na minha lista de próximos destino. Fique de olho que postarei mais diário cervejeiros 😉

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